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[Análise] Immortals of Aveum: vale a pena?
Venha pela magia, fique pela magia. Immortals of Aveum, desde seu primeiro trailer, pareceu um jogo muito divertido. E é exatamente isso o que ele entrega aos jogadores. A história tem algumas reviravoltas interessantes, mas longe de ser um grande atrativo, e os gráficos até ficam um pouco abaixo do que impressionou bastante gente durante o pré-lançamento, mas quando as partículas começam a voar…
O chamado “shooter de magia” da Ascendant Studios, publicado pela EA Originals, é uma grata surpresa de 2023. Com trabalhos competentes de level design e combate, proporciona uma experiência que, se por um lado fica meio repetitiva mais para o final da aventura, garante boas horas de batalhas eletrizantes e que, certamente, vão agradar quem curte ação em primeira pessoa.
No fim das contas, a jornada para salvar Aveum da corrupção, apesar de seus clichês, é bem interessante de ser vivenciada.
Dèja vu
Só que, sim, a história segue um modelo daqueles que qualquer game já conhece de cor e salteado. O protagonista perde tudo, o mundo está acabando e ele vai enfrentar diversos desafios para se superar e conseguir evitar um desastre completo.
Neste caso, o jogador controla Jak, que tem sua cidade dizimada por Sandrakk, um general que quer acabar com todos os reinos de Aveum e unificar a região – controlando-a usando todo o poder mágico deste universo. Então, ele se alista à ordem dos Imortais, que tentam justamente impedir este desfecho. O mundo é habitado por magia, e a cada pessoa que tem “a luz” costuma ter um tipo de mágica – verde, azul ou vermelha.
Nosso personagem principal tem as três. É um triarca. Que desperta esse poder justamente ao passar pela tragédia em sua casa. A partir daí, evolui até ter uma capacidade mágica suficiente para enfrentar quem lhe tirou tudo lá atrás.
Durante a aventura, obviamente, não é tudo tão linear assim. Há nuances, personagens secundários que causam impacto na história, etc. Um roteiro justo. Não encanta, mas é competente para ser amarrado e justificar as ações de todos os envolvidos nas tramas. Um ponto que merece elogios neste aspecto é a excelente construção de alguns diálogos. Zendara, Kirkan, Sandrakk. Há boas interações com todos eles, e também com algumas outras surpresinhas…
Em termos de missões, tudo vai se desenvolvendo em ordem cronológica, liberando os capítulos de acordo com o que você vai fazendo. Até há algumas quests opcionais, além de dungeons em que é possível ganhar novas skills, mas no geral é uma aventura single-player bem tradicional. E isso não é um ponto ruim. Especificamente porque é preciso entender o tamanho de Immortals of Aveum e julgá-lo de acordo com tal.
Por exemplo: poderia ter um mundo aberto? Sim. Poderia ter co-op? Claro. Incontáveis features poderiam fazer parte dele, mas trata-se de uma nova IP, com publicação do selo EA Originals, e não de um AAA com milhões e milhões de investimento.
You’re a wizard, Jak
Se, por um lado, faltam algumas funcionalidades que poderiam agregar, por outro, é preciso elogiar a inovação do gameplay. Não deve ser fácil criar um mago habilidoso com três tipos de magia e incontáveis possibilidades dentro delas. Mas a Ascendant acertou muito em Jak. O gameplay é realmente tudo aquilo que imaginávamos.
Especialmente por ser fácil de navegar entre tudo isso. Jak tem uma “luva mágica” que dispara as magias. São três: vermelha, com bastante dano de perto, azul, utilizada para dano mais de longe, e a verde, que é uma espécie de arma automática. Obviamente, há inimigos com escudos que só podem ser tirados com suas respectivas cores de magia, além de puzzles que precisam das skills corretas para serem resolvidos.
O jogador tem ainda uma árvore de habilidades, onde vai evoluindo determinadas características de cada uma das mágicas, e também equipamentos de diversas raridades, diferentes níveis e variados atributos. A ideia é permitir que se combine uma build de acordo com seu estilo de jogo (e magia, consequentemente). Dá bastante certo. Há uma manopla, por exemplo, que transforma o dano vermelho em algo semelhante a uma shotgun. É incrível!
Nos combates, há desde inimigos mais básicos até os com escudos e os grandes chefes. Neles, as batalhas são épicas – e exigem bastante do jogador. Combinar o encantamento certo com alguns outros recursos, que podem ser ativados com os direcionais e com o R1, é fundamental. E você provavelmente vai morrer muito, principalmente nas boss fights, até entender direitinho como misturar tudo.
Visualmente, mesmo com 60fps no PS5, ele deixa a desejar um pouquinho. Não que seja um jogo feio, mas está longe de ser um dos mais bonitos da geração. A impressão é de que é um título do começo da Era PlayStation 5 – ou talvez do final da Era PlayStation 4. O que, novamente, é totalmente compreensível por seu contexto. Mas, obviamente, é preciso ser destacado. Como o fato de os cenários serem mais bonitos do que os personagens.
Immortals of Aveum: vale a pena?
No fim das contas, Immortals of Aveum é um bom jogo. Seu preço, no entanto, talvez afaste uma galera. Afinal, pagar seu valor cheio, de quase R$ 370, é difícil. É complicado julgar um jogo por quanto ele vale, mas certamente esse é um caso daqueles do, se você é leitor da época do MeuPS4, selo de “Espere uma promoção”.
A história é competente, o combate é super divertido, mas fica nisso. Até há atividades a se fazer depois de zerar a história principal, que dura cerca de 20 horinhas, mas nada que aumente tanto aquele chamado fator replay. Os gráficos não impressionam. Não tem dublagem. E, mais pro finalzinho, ele fica até meio repetitivo em termos de jogabilidade. Há ainda algumas quedas de fps, especialmente nas lutas mais cheias de inimigos, e tivemos dois crashes durante a avaliação.
Ou seja, Immortals of Aveum está ali, na média. Não é ruim, mas também não é daqueles grandes jogos do ano – especialmente porque a concorrência em 2023 é enorme. De qualquer forma, o estúdio está de parabéns pela obra, e a Electronic Arts por apostar nela.