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Barroca Zona Sul celebra seus 50 anos com desfile marcado por plástica e técnica exemplares

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A Barroca Zona Sul realizou na sexta-feira seu desfile no Sambódromo do Anhembi no carnaval de 2024. A excelência técnica da agremiação aliada à grande atuação de Pixulé no carro de som e o bom conjunto visual foram os grandes destaques do desfile. A Faculdade do Samba foi a segunda escola a se apresentar pelo Grupo Especial, fechando os portões após uma hora e três minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente intitulada “Máquina do Tempo” se apresentou em dois atos marcados por passagens do samba. Usando do elemento alegórico como palco, o quesito teve como protagonista o baluarte fundador da escola, Pé Rachado, em duas fases da sua vida. A jovem, vindo da roça, trabalhando na parte superior da alegoria, enquanto na parte debaixo o sambista eternizado relembrando suas memórias desde o momento da fundação da escola. Os dois momentos de Pé Rachado se cruzam em dado momento, e a cenografia é usada justamente para mudar o palco através de um mecanismo giratório, onde é retratada a visita do artista à Mangueira, que serviu de inspiração para a fundação da Faculdade do Samba Barroca Zona Sul, terminando tudo com o primeiro desfile da escola.

A apresentação do grupo cênico empolgou o público, que aplaudiu a cada mudança de ato e os momentos marcantes da coreografia. Os artistas que interpretaram Pé Rachado foram capazes de transmitir a emoção da jornada de vida do sambista, e foram fundamentais para a compreensão e beleza de todo o conjunto. O único apontamento a ser feito é que a atriz que representou uma porta-bandeira do Barroca teve um problema com a armação da saia no segundo módulo de jurados, mas que foi resolvido nos módulos posteriores.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal do Barroca, formado por Marquinhos e Lenita, se apresentou com fantasias em referência à madrinha da Faculdade do Samba, a escola carioca Mangueira. O mestre-sala se apresentou fantasiado em referência ao sambista Cartola, enquanto a porta-bandeira representou uma flor. No segundo módulo de jurados, Marquinhos demorou um momento para ajudar Lenita a desfraldar o pavilhão, e nos primeiros dois módulos o casal aparentava dificuldades para evoluir, com movimentos pouco fluídos por parte da porta-bandeira. A partir do terceiro, porém, o desempenho da dupla melhorou consideravelmente, e tiveram grande atuação na parte final.

Enredo

“Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a Faculdade do Samba. 50 anos de Barroca Zona Sul” foi o enredo apresentado pela Verde e Rosa no carnaval de 2024, celebrando seu jubileu de ouro. A facilidade de leitura que o conjunto de fantasias e alegorias do Barroca apresentaram é rara surpresa em enredos de auto-homenagem. As diferentes fases da escola, com direito a referências a enredos de todas as épocas da escola, mesmo às mais delicadas, passaram a sensação de estarmos diante de uma escola que tem consciência da sua experiência e sabe bem o que a fez chegar onde se encontra no momento. É de se esperar que os jurados do quesito sairão satisfeitos com a história apresentada na Avenida.

­Alegorias

A Barroca se apresentou com um conjunto de quatro alegorias e um quadripé. O carro Abre-alas se chamava “A Faculdade do Samba”, a segunda alegoria era intitulada “Nos tempos da Avenida Tiradentes”, a terceira “A magia dos jardins da Verde e Rosa” e a última “Barroca, a Fênix do Carnaval”. O quadripé, que desfilou entre os carros dois e três, foi nomeado como “Tributo ao baluarte Borjão”.

Com exceção de um pequeno problema com os canhões de luz móveis do carro Abre-alas, que passaram pelo ponto de observação apagados, o conjunto alegórico como um todo apresentou bom acabamento plástico e soluções criativas, como a maneira de apresentar o nome da escola à frente do primeiro carro, os projetores de LED que iluminaram a fênix da última alegoria e um carro de verdade posicionado à frente do terceiro carro. As alegorias eram de leitura muito fácil e representaram bem cada momento da história da escola que propuseram simbolizar. O último carro, mesmo com uma volumetria menor que os demais, contou com elementos emocionantes que simbolizam a atual fase da escola desde a arrancada após conquistar o Grupo de Acesso em 2019, tendo na sua parte de trás um grupo de crianças representando o futuro que a agremiação anseia.

Fantasias

O conjunto de fantasias das alas da Barroca simbolizaram em sua quase totalidade enredos que a Verde e Rosa apresentou ao longo da sua história. As exceções ficaram por conta de quatro delas: a Ala das Baianas, que homenageou a Mangueira, escola madrinha da Faculdade do Samba, a bateria, que fez um tributo a Pé Rachado, a ala que abriu o último setor, que fez referência à arrancada que trouxe a agremiação de volta ao Grupo Especial e a última que celebrou o cinquentenário.

A proposta de utilizar-se de desfiles históricos para ilustrar as alas mostrou-se acertada ao permitir uma fácil leitura de suas propostas e costurar bem a narrativa do enredo. A leveza do conjunto permitiu aos desfilantes brincarem o carnaval com empolgação, sendo o único apontamento necessário ocorrido em parte das fantasias da ala das baianas, onde adereços representando estrelas acabaram se enroscando um no outro.

Harmonia

A empolgação demonstrada pelos componentes do Barroca chamou atenção ao longo de todo o desfile. O canto do samba, que teve bom desempenho ao longo de toda temporada, foi novamente destaque. Alas animadas, felizes por clamarem a história da Faculdade do Samba, sem quedas no nível ao longo de todos os módulos em que foram observados. Destaque para a ala que representou o desfile dos 75 anos de imigração japonesa, que contou com componentes especialmente animados.

Samba-enredo

O cinquentenário da Barroca Zona Sul foi celebrado na Avenida ao som do samba assinado pela parceria formada por Thiago Meiners, Claudio Mattos, Sukata, Cacá Camargo, Fernando Negão, Pixulé, Turko, Rafa do Cavaco, Júlio Alves, Rodrigo Alves, Wilson Mineiro e Dilson Marimba, e foi defendido pela ala musical liderada pelo intérprete Pixulé. O desempenho do samba na Avenida contribuiu significantemente para o bom desempenho da Faculdade do Samba, com Pixulé defendendo com maestria a obra ao longo de toda a Avenida. A letra é de fácil compreensão e conta a história do Barroca de maneira fiel e agradável.

Evolução

A leveza com a qual a Barroca Zona Sul se apresentou é digna da comemoração de um aniversário tão marcante. Todos os elementos evoluíram pela Avenida com tranquilidade, sem precisar acelerar o ritmo para conseguir fechar os portões após uma hora e três minutos de desfile. Tecnicamente impecável, a Barroca pode se orgulhar do que conseguiu realizar no Anhembi em 2024.

Outros Destaques

A bateria “Tudo Nosso”, comandada pelo mestre Fernando Negão, teve grande desempenho ao longo de todo o desfile, com direito a bossas bem aplicadas que levantaram principalmente o público da arquibancada Monumental, que aplaudiu efusivamente a passagem dos ritmistas da Barroca. A Rainha Juju Salimeni reinou soberana diante dos ritmistas com uma fantasia que simbolizou os 50 anos da Faculdade do Samba. A Ala das Baianas também chamou atenção com sua fantasia em homenagem à escola madrinha Mangueira, que procurou reproduzir o símbolo da agremiação carioca.

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