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cinco lendas das rodinhas de fã boy de carro
O Brasil tem uma cultura riquíssima. Afinal somos um país continental com influências indígenas, africanas, europeias e de diversos outros cantos do mundo. Mas não há terreno mais fértil para o fomento de lendas que as rodinhas de fã boy de carro. Nem mesmo Monteiro Lobato seria tão criativo.
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Essa incubadora de histórias, mitos e “verdades absolutas” sobre automóveis é de uma criatividade ímpar. É uma cultura popular que atravessa o tempo, com lendas sobre carros quatro portas, pintura metálica, motor 16V, dentre outras. Mas selecionamos algumas lendas contemporâneas e outras que resistem há gerações. Confira.
1. Motor três cilindros e folclore do fã boy
Ficou sentenciado no Brasil que motor três cilindros não presta. Pois é, a turma da rodinha alega que o motor tem baixa durabilidade e que não chegam a 200, 250 mil km sem abrir e que não dá retífica e outras bravatas.
Fato é que motor, seja três, quatro, cinco, seis, oito, dez, doze ou até dezesseis cilindros têm o mesmo princípio de funcionamento. O três cilindros é capaz de rodar a mesma quantidade de quilômetros que qualquer outro motor a combustão.
A redução de um cilindro permite a remoção de 25% das partes móveis de um motor. Se há menos peças, há menos atrito e perda de energia com calor. Além disso, os motores tricilíndricos usam bloco em alumínio que reduzem o peso final do carro e têm melhor dissipação de calor que o ferro fundido.
O segredo da durabilidade de um motor três cilindros está na manutenção. Troca de óleo na especificação e períodos corretos. Substituição nos prazo correto do líquido refrigerante também é uma “manha” para preservar o motor. Mas se a turma sapeca aquele óleo baratinho e despeja água da mangueira, não há bloco três cilindros que resista.
E uma prova cabal de que o motor três cilindros é eficiente é o fato de que dos cinco carros mais vendidos em 2023, quatro utilizam motores tricilíndricos, que acumulam quase 200 mil unidades. Mas o que vale é o folclore
2. VW up! TSI é esportivo
O up! TSI foi o precursor do motor 1.0 turbo da família TSI. A unidade de 105cv e 16,8 kgfm de torque trouxe mais vigor ao carrinho alemão. Mas na verdade, sua proposta era ser eficiente e não um Baby GTI.
Claro que o carrinho ficou mais esperto. A aceleração de 0 a 100 km/h caiu de 12,4 segundos para 9,1 segundos. Mas o restante do carro não mudou. O acerto de suspensão, altura livre do solo e até os pneus tinham as mesmas especificações nas versões aspiradas e turbo.
A própria VW, quando lançou o carro, fez questão de enfatizar seus benefícios energéticos. Mas ao mesmo tempo ajudou a levantar o mito de que ele era um carro esporte. Com faixas decorativas e tampa pintada em preto, ele se destacava das demais versões aspiradas.
E o up! turbo acabou ajudando a disseminar o folclore de que o motor três cilindros não presta. Muita gente resolveu “futucar” o motor que não suportava a pressão extra nas câmaras.
3. Chevrolet Opala que era bom
O Chevrolet Opala é um grande sucesso da indústria brasileira. Chegou em 1968 e ficou em linha até 1992. Grande, invocdo e potente, a versão brasileira do Opel Rekord se tornou um ícone. Até hoje, por onde um Opala passa, há quem o ignore. Mas o Chevrolet é isso tudo mesmo?
Em um Brasil dos anos 1960 e 1970, em que a referência de carro eram modelos como Simca Chambord, Willys Gordini, Volkswagen Fusca e Ford Corcel, o Opala era o máximo. Mas ele trazia um conceito de engenharia longe de ser o auge da modernidade.
A posição do tanque de combustível sob o porta-malas é um perigo em caso de colisão. Outro problema crônico era a trinca do chassi. A estrutura apresentava fratura devido ao peso do motor 4.1 seis cilindros. Isso porque o projeto do Opel Rekord contemplava um pequeno bloco de quatro cilindros.
E por fim, o Opalão tinha a mania de soltar o semieixo (por junta elástica) em curvas, o que potencializava acidentes. Quer conferir outros sete problemas crônicos do veterano da GM? Confira aqui.
4. Carro chinês não presta e folclore brasileiro
Um folclore que ganhou força é que carro chinês não presta. De fato, em 2007, quando a Effa foi pioneira com seu bisonho M100, a qualidade do carro chinês era assustadora.
Mas ao longo dos anos, os fabricantes mandarins aprenderam a produzir carros. Eles inclusive compraram diversas marcas de renome e incorporaram know-how em desenvolvimento e produção.
Uma prova é a Chery, que no Brasil está sob a tutela da Caoa. Da época dos famigerados QQ e Face para o atual Tiggo 8, é possível notar a evolução desses chineses.
Marcas chinesas como BYD e GWM se tornaram referência em automóveis eletrificados. Eles produzem carros capazes de concorrer em pé de igualdade com fabricantes norte-americanos, japoneses e europeus.
No entanto, no Brasil ainda segue a pecha de que o carro chinês não presta. Geralmente a afirmação é salpicada de declarações xenófobas e outros “ismos” preconceituosos. Coisas de rodinha de fã boy.
5. Carro japonês não dá problema
Esse é um folclore que beira o ufanismo. Ninguém contesta a qualidade de um automóvel japonês. São carros muito bem construídos, mas não estão livres de problemas.
A suspensão do Honda Fit por exemplo sofre com os pavimentos brasileiros. Na última geração, que saiu de linha 2021, um deslize de projeto fez com que o para-choque traseiro fosse mais recuado que a tampa do porta-malas. Assim, cada esbarrão na peça metálica sofria o primeiro impacto antes de o para-choque fazer seu trabalho.
Donos do incontestável Toyota Corolla já apontaram que o sedã japonês também não é a prova de falhas. Problemas com motor de arranque são um dos mais recorrentes.
Já o Nissan Versa também coleciona seus deslizes. Muitos proprietários reclamam de problemas na direção elétrica. Outros queixam de vibração da transmissão em marcha lenta.
Ou seja, todo carro pode apresentar problema, não importa a origem do fabricante. O segredo para evitar aborrecimento é manter o cronograma de manutenção em dia e explicar ao mecânico, em bom português, os sintomas dos problemas e não se prender nas lendas da rodinha.
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