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Empreendedora no divã: no dia do empreendedorismo feminino, vamos falar sobre maternidade? | Negócios

“Mãe, eu preferia que você não trabalhasse!” Hoje é dia do empreendedorismo feminino e queria falar da cilada que estamos nos metendo. É lindo empreender, nos dá autonomia financeira e é uma das formas mais lindas de ver nossa potência em ação. Embora eu fale desse lugar da vulnerabilidade da empreendedora, eu sou uma grande entusiasta do empreendedorismo feminino e de todos os caminhos que ele nos abriu.

Mas quando a minha filha vira e me fala essa frase eu paro e penso… o que está acontecendo? Por que estou me sentindo culpada por trabalhar, por que que me sinto insuficiente quando meu negócio está indo do jeito que eu quero, mas chego em casa o mundo desaba?

E aí entendi a cilada. Desde que decidimos empreender e trabalhar deixamos de assumir outros papéis: somos menos presentes em casa, menos presentes como esposas, menos presentes como mães. E qual é a cilada? É que falamos para nós mesmas: vai mulher, você consegue, busque seus direitos e ocupe outros espaços, mas aí tem uma outra voz que completa: DESDE QUE você siga dando conta do resto! E isso é uma das maiores ciladas! É como você trabalhar meio período tendo que fazer o que antes fazia em tempo integral A conta não fecha!

Temos que tirar esse peso da nossa cabeça, não agarrar essa culpa, que muitas vezes nós mesmas criamos, tentando ser a mesma mãe do século passado, que se dedicava integralmente para a maternidade. Oi?

A mulher do outro século que só cuidava dos filhos era melhor em muitas coisas e eu honro essa mulher! Mas para aquelas que não eram felizes nesse modelo, que não era opcional, e que quiseram ocupar outros espaços e conciliar a maternidade com carreira ou negócio eu vos digo: resistam!

Toda escolha tem uma renúncia… quem disse que ser mãe e trabalhar seria fácil? Mas fica mais fácil se ajustamos nossa expectativa. Estamos mirando num modelo inalcançável de presença com nossos filhos mesmo quando temos que passar o dia fora. E aí, quando chegarmos em casa exaustas, achamos que temos que estar parecendo inteiras e dar 100% aos nossos filhos, quando só temos 50% para dar naquele momento – e o resultando é uma farsa.

E aí eu falo por experiência própria. Ao invés de nos cobrarmos esse 100% e deixarmos a culpa permear nossa maternidade, vamos ensinar nossos filhos sustentando nossa própria decisão. Se você decidiu empreender ou trabalhar explique para ele que você tomou essa decisão de forma consciente, que você ama o que faz e que também está indo atrás dos seus sonhos. E que você ama muito seus filhos, mas isso não quer dizer que você estará sempre disposta para brincar. Que o trabalho é fonte de um monte de coisa legal mas que tem essa parte chata que não deixa a mamãe ficar o dia todo com o filho… E que juntos vamos achar um jeito de fazer tudo isso dar certo!

Acho esse um dos temas mais delicados e minha ideia não é trazer uma fórmula e sim trazer um desabafo de que precisamos de ajuda para sermos mãe sim… Que não temos que dar conta de tudo e que o trabalho vai sim tirar tempo com nossos filhos e com nossos maridos e por isso mesmo precisamos de mais ajuda. Mais ajuda dos pais em geral, mais ajuda de rede de apoio, mais ajuda profissional para nos tirar essa culpa de que temos que dar conta SOZINHAS. Afinal, “é preciso uma aldeia toda para se criar uma criança”, diz o provérbio africano.

Depois de passar por um processo junto com a minha filha, onde fomos juntas para a terapia, foi lindo ver como as coisas eram mais simples. Eu chegava cansada em casa e achava, cheia de culpa, que tinha que brincar com todos. E entendi que precisávamos achar um momento que nutrisse a mim e a meus filhos ao mesmo tempo, pois eu também estava cansada. Abri o jogo com eles para entendermos como podíamos fazer isso funcionar.

Foi lindo! Entendi que eu podia brincar de massagem com a minha filha quando eu estivesse muito cansada, ou assistir um programa com meus filhos ou simplesmente dar uma volta com o cachorro no quarteirão junto com eles. Eles só queriam fazer algo comigo e eu estava complexificando as coisas. Mas eu, na ânsia de fazer algo grandioso, me sentia tão frustrada que me paralisava.

E parei de me culpar quando alguém perguntava porque eu trabalhava, já que eu tinha privilégios. Hoje eu falo de peito aberto. Trabalho pois eu AMO! Trabalho pois sinto que tenho muito a dar para o mundo e amo ver o resultado do meu trabalho gerando frutos, isso me faz potente. E isso não me IMPEDE de ser mãe. Mas precisamos aceitar esse novo modelo de maternidade no qual a mãe trabalha. Minha filha tem sete anos e já sabe o que é empreender. Ela brinca de trabalhar e ama ir comigo para o escritório.

E isso não quer dizer que eu sou pior! Só quer dizer que é o modelo que posso oferecer… ela entendeu pelo exemplo que pode ser o que ele decidir. Ela fala que talvez não queira casar ou ter filhos. Eu acho graça mas vejo uma menininha que está aprendendo a ser o que ela quiser. Ela tem amigas com mães que não trabalham e honro muito elas também. Elas estão dando outros exemplos lindos para as suas filhas – e olha que lindo essa diversidade!

Então, nesse dia do empreendedorismo feminino, queria exaltar todas aquelas que decidiram ser empreendedoras da própria vida, que aceitaram o desafio de sustentar suas decisões de trabalhar ou não, de casar ou não, de ter filhos ou não… e principalmente de serem fiéis aos seus sonhos!

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