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Especialista explica a relação entre a obesidade e a saúde mental
A obesidade é uma epidemia global que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, mais de 6 milhões de pessoas enfrentam a doença, segundo dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde. Para Tarcísio Santana Gomes, nutricionista e coordenador do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, o combate à obesidade vai além das mudanças dietéticas e da prática regular de exercícios.
“Cada vez mais, estudos mostram que, nesse contexto, a saúde mental é um fator crucial na gestão e prevenção da enfermidade. Apesar dessa correlação ainda ser complexa, é possível afirmar, cientificamente, que sintomas como ansiedade, estresse crônico e a depressão podem levar a comportamentos alimentares desordenados, como o aumento do consumo de alimentos ricos em calorias e açúcares, o que pode resultar em ganho de peso”, explica.
Para o especialista, essa relação entre saúde mental e obesidade é bidirecional, ou seja, a obesidade pode aumentar o risco de problemas de saúde mental e vice-versa.
“É crucial abordar tanto a saúde mental quanto o peso corporal ao criar estratégias de combate à obesidade eficazes e duradouras. Programas de perda de peso bem-sucedidos estão incorporando abordagens que visam melhorar a saúde mental dos indivíduos. A inclusão de técnicas de meditação e aconselhamento psicológico pode ajudar a lidar com os fatores emocionais que muitas vezes estão associados a hábitos alimentares pouco saudáveis”, ressalta.
O especialista argumenta ainda, que não se pode mais ignorar a conexão entre mente e corpo quando se trata de obesidade. “Abordar apenas os aspectos físicos não é suficiente. Precisamos adotar uma abordagem integral que considere a saúde mental como parte do processo de emagrecimento. É essencial lembrar que cada indivíduo enfrenta uma jornada única em direção à saúde”, reforça.
Por fim, o nutricionista e docente da Faculdade Anhanguera apresenta alguns pontos que trazem esse paralelo entre a saúde mental e a obesidade. Confira:
Compulsão alimentar: depressão e transtornos de ansiedade, podem levar a episódios de compulsão alimentar, nos quais uma pessoa consome grandes quantidades de comida de forma descontrolada e muitas vezes com sentimento de culpa depois;
Uso emocional da comida: Algumas pessoas usam a comida como uma forma de lidar com emoções difíceis. Isso é conhecido como “comer emocional”. Quando as pessoas recorrem à comida como uma forma de conforto ou distração;
Alterações hormonais: A saúde mental afetada pode influenciar os sistemas hormonais que regulam o apetite e o metabolismo. Isso pode levar a mudanças nos padrões alimentares e no processamento de nutrientes, contribuindo para o aumento do peso;
Estilo de vida sedentário: Problemas de saúde mental, como depressão, podem reduzir a motivação para se envolver em atividades físicas. O sedentarismo está associado ao ganho de peso e à obesidade;
Medicamentos psicotrópicos: Alguns medicamentos usados no tratamento de condições de saúde mental podem ter efeitos colaterais que contribuem para o ganho de peso. Isso pode incluir medicamentos que aumentam o apetite ou afetam o metabolismo;
Falta de autocuidado: Quando a saúde mental é comprometida, a capacidade de cuidar de si mesmo, incluindo a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de exercícios, pode ser prejudicada, o que pode contribuir para o ganho de peso;
Ciclo vicioso: A obesidade, por sua vez, pode impactar negativamente a saúde mental. Pessoas com excesso de peso podem enfrentar discriminação, estigmatização e baixa autoestima, o que pode agravar problemas de saúde mental;
Fatores genéticos e neurobiológicos: Algumas pesquisas sugerem que existem ligações genéticas e neurobiológicas entre a saúde mental e a regulação do peso corporal. Distúrbios que afetam esses sistemas podem contribuir tanto para problemas de saúde mental quanto para a obesidade;
Se você estiver enfrentando desafios em relação à sua saúde mental ou peso, buscar ajuda profissional é essencial para desenvolver um plano de tratamento abrangente e personalizado. Procure sempre um nutricionista e um psicólogo.