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Grupo Gadje Roma representa Campinas no Festival de Jazz Manouche

Campinas já foi uma referência nacional quando se fala em jazz manouche. Isso se deu graças ao Hot Jazz Club, grupo liderado pelo violinista Ernani Teixeira, contando com o violão e guitarra do saudoso Marcelo Modesto, que morreu em março deste ano, e o contrabaixo de Gilberto de Syllos. Formado no início dos anos 2000, o grupo chamado de “trio de ases” pelo historiador e crítico musical Zuza Homem de Mello, foi responsável por reviver de forma musical e anedótica na memória e atiçar a curiosidade da cena musical instrumental nacional pela dupla genial formada pelo violonista Django Reinhardt e o violinista Stéphane Grappelli na Paris dos anos 1930, em seu Hot Club de France.

Mais de duas décadas depois, eis que surge na cena musical campineira um grupo que começa a escrever um novo capítulo do jazz cigano, possibilitando a mescla da tradição com a inovação. É o quarteto Gadje Roma, que assim como o seu antecessor, vem conquistando espaço e se destacando no cenário nacional. Hoje o grupo se apresenta no Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, fazendo uma importante homenagem a Marcelo Modesto, apresentando um repertório exclusivamente com uma seleção das músicas que ele mais gostava de tocar e cantar, contando com a parceria da cantora paulistana Mônica Marianno. E não para por aí, na próxima sexta-feira, 25, o Gadje Roma se apresenta em São Paulo no Prêmio de Música Instrumental, entre os 12 grupos finalistas nacionais.

UM VIOLINISTA ENTUSIASTA PARA SOMAR

O violinista Ernani Teixeira é o elo de ligação entre esses dois grupos de jazz manouche de sucesso e membro de ambos. Ele conta que sua transição do fim do Hot Jazz Club, que aconteceu porque Syllos foi para São Paulo e depois com o adoecimento e morte de Modesto, à integração ao Gadje Roma, que começou como um trio, foi um caminho natural. “Os meninos do Gadje Roma, apaixonados pelo swing cigano de Django, iam assistir ao festival em Piracicaba, o qual ajudamos a criar enquanto Hot Jazz Club. Eles ensaiavam na surdina, tinham muito conhecimento e nunca tinham gravado. Até que no último show que fiz com o Modesto eles fizeram contato conosco e surgiu a oportunidade de tocarmos juntos, mas na data acertada o Modesto não estava bem e me disse: ‘vai lá, toca com eles e passa a tocha'”, revela, emocionado.

Bastou essa primeira experiência para que o trio Gadje Roma se tornasse um quarteto formado por Lucas Tchavo, no violão solista, Estevão Daminelli, no violão ‘la pompe’, Christian Tatsch, no contrabaixo, e Ernani Teixeira, no violino. “Meu primeiro encontro musical com o pessoal do Gadje Roma foi na ‘sede’ não-oficial da banda, uma casa antiga na Ponte Preta, de onde saí surpreendentemente renovado de ânimo, imensamente contagiado pelo entusiasmo tão genuíno com que os caras se dedicam a viver essa música com tanta verdade”, afirma o experiente Ernani, que costuma dizer que não sabe se ele que os adotou ou se foi adotado pelos jovens músicos. O fato é que a parceria tem surtido bons resultados.

O violonista Lucas Tchavo conta que a formação do trio se deu no ano passado, quando ele reencontrou Estevão, com quem já tinha tocado no passado, e juntos chamaram Christian Tatsch. A mudança para quarteto ocorreu efetivamente no começo de 2023. “Desde que o Ernani entrou no grupo, tem contribuído muito com toda a parte musical, com as músicas autorais e arranjos. Tem sido um privilégio tocar com ele, que é uma referência para nós”, diz.

Além dessas duas apresentações de destaque hoje e na sexta-feira, o quarteto Gadje Roma já contabiliza nesses poucos meses de trabalho o lançamento do primeiro EP – gravado ao vivo e em fita cassete – curtas-metragens das gravações e apresentações aqui e em outras cidades do interior. Agora segue determinado a conquistar mais espaço, de olho nos editais de cultura, para mostrar para um público ainda maior a força do jazz manouche e que Campinas tem tudo para ser novamente referência no estilo.

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