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Morre o professor emérito Carlos Rodrigues Brandão

Nota de pesar emitida pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

É com imenso pesar que informamos o falecimento de nosso professor emérito Carlos Rodrigues Brandão, que deixa a toda a comunidade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) um legado de trabalho, luta e generosidade.

Brandão, como era carinhosamente conhecido, foi professor permanente da Unicamp de 1976 até 1997, desenvolvendo pesquisas na área de cultura e educação popular, antropologia rural e questões ambientais, em diferentes regiões do país. No Departamento de Antropologia, ministrou disciplinas na graduação e na pós-graduação em áreas como religião, cultura popular e teoria antropológica. Participou da criação do Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes) na Faculdade de Educação (FE) e do Centro de Estudos Rurais (Ceres) no IFCH. Foi também vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam).

Brandão formou uma legião de estudantes não somente na teoria, mas também na prática, nas inúmeras viagens de campo que organizou, especialmente no interior de São Paulo e Minas Gerais. Invariavelmente, esses estudantes se tornaram não só qualificados pesquisadores e colegas, mas, sobretudo, estimados amigos. Com eles, compartilhou o trabalho, o gosto pelo sertão, seu sítio Rosa dos Ventos, as delicadezas do cotidiano e da vida. Autor de inúmeros livros sobre comunidades tradicionais, sobre populações rurais e de literatura (contos e poesia), Brandão se definia como um “militante ativista”, para quem ensinar e aprender são ações coletivas e indissociáveis.  

Acesse os livros publicados.   

O professor Carlos Rodrigues Brandão ao receber o título de Professor Emérito, em 2015
O professor Carlos Rodrigues Brandão (à esquerda) ao receber o título de Professor Emérito, em 2015 

Depois de aposentado, continuou a atuar como professor colaborador nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e do Doutorado em Ciências Sociais da Unicamp. Foi ainda professor visitante de inúmeras universidades, pesquisador do Instituto Paulo Freire e recebeu vários prêmios, sempre compreendendo as homenagens como algo plural, de reconhecimento a um coletivo. Em 1998, foi contemplado com o título de Comendador do Mérito Científico pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Professor Benemérito do Centro de Memória da Unicamp (CMU). Em 2006, foi agraciado com a medalha Roquette Pinto da Associação Brasileira de Antropologia. Em 2008 e 2010, recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia e pela Universidade Federal de Goiás. Em 2015, foi a vez de receber o título de Professor Emérito pela Unicamp.

Em nome da direção do IFCH, manifestamos nossa solidariedade a seus familiares e amigos/as e rendemos nossas homenagens a esse grande professor e educador popular. Brandão seguirá vivo e presente entre nós!

“Tudo e Eu” – poema do livro O jardim de todos, de Carlos Rodrigues Brandão

Vive em mim
o fio de seda
do bem da força
do amor de tudo.
Eu vivo nele:
no fio que fia
e tudo tece
e une tudo
e em tudo junta
um lado e o outro
e vive em tudo.
Eu estou em mim
e estou em tudo
quando amo todos
e amo tudo
o tempo todo
e toda hora
e sendo eu mesmo
e estando em tudo
em tudo, assim:
eu estou na terra
e estou na Terra
na flor, no bicho
no chão, na lua
no céu, no sol
no arco-íris
na borboleta
e no alecrim!
Eu vivo! Eu sou!
E sendo em tudo
o tempo todo
a toda hora
eu vivo agora

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