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os “clutchs” dos Celtics e os ineditismos dos Mavericks
Fim de tarde e o público já começava a chegar nas dependências da NBA House em São Paulo, neste ano localizada pela primeira vez no Parque Villa-Lobos. Por ali, a cobertura do Terra já marcava presença em mais uma partida da Final [a terceira] e observava a repetição de um fenômeno: a imensa maioria de torcedores do Boston Celtics.
Considerada por muitos a maior franquia da NBA, os Celtics ostentam o posto de terceira mais popular do Brasil e, ao menos nas horas que antecederam o jogo, a de torcida mais confiante também. A frase que mais escutávamos era: “Varrida, quatro a zero!”
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Os poucos torcedores do Dallas Mavericks eram mais discretos e confiavam quase que de maneira unânime em uma só figura: “Luka, bola no Luka!”. Disparado o melhor nome da franquia nessas finais, Doncic carregava o peso de ser a única esperança de uma torcida que já ignorava completamente a existência de um até então apagado Kyrie Irving.
Já à noite e completamente tomada pelos torcedores, a iluminada e bela NBA House via, aproximadamente duas hora antes do jogo 3, a chegada massiva do chamado público “Life Style” – a galera que curte o estilo, a festa e o clima contagiante do ambiente sem de fato se preocupar muito com o que acontece dentro de quadra, fato que sem dúvida contribuiu para a lotação do espaço.
Head da NBA no Brasil, Rodrigo Vicentini não hesitou ao falar com tranquilidade sobre os 50 milhões de fãs no Brasil e a expectativa de mais de 50 mil ao longo dos jogos das Finais.
Sobe a bola
Pontualmente às 21h30 a bola laranja foi ao ar em Dallas e o que se viu foi um clima de muita festa no Texas e de apreensão na NBA House.
O Dallas Mavericks começou com tudo no American Airlines Center, sob o comando de Luka Doncic, claro. A ausência de Kristaps Porzingis fez diferença para o Boston Celtics em um garrafão que sofria com ataques frequentes. Kyrie finalmente dava sinal de vida e chamava a responsabilidade, mas a alegria durou pouco… A vantagem que se aproximou de 15 pontos rapidamente foi tirada em poucas posses de bola. Quando Jason Kidd piscou, o clima em Dallas já era de tensão. Enquanto isso, festa verde em São Paulo – a NBA House voltava a fazer barulho. O 31 a 30 para os donos da casa tinha um gosto forte de derrota para Dallas.
A partida ficou extremamente equilibrada no segundo quarto. Boston assumiu a liderança pela primeira vez logo nos primeiros instantes. Irving seguia brilhando e já atingia a marca de 20 pontos. Do outro lado, Jayson Tatum respondia com pontuação similar. Mesmo com o gosto amargo de ter perdido a diferença criada no início do jogo, Dallas foi para o vestiário vencendo por 51 a 50.
Na volta do intervalo, o forte jogo coletivo da equipe de Boston deixou o clima ainda mais pesado para Dallas. O protagonismo sereno e “low profile” da dupla Tatum & Brown começava a entrar na mente dos Mavericks. O 35 a 19 fez o 3 a 0 parecer cada vez mais real.
No último e decisivo quarto, Boston seguiu On Fire e o que se viu foi uma diferença assustadora de 21 pontos ganhar ares de tragédia texana. Foi aí que Kidd, Doncic e Kyrie entraram em cena novamente baixando a diferença para três em uma corrida fantástica de 20 a 2. O “Clutch time” prometia incendiar o American Airlines Center, mas a sempre polêmica arbitragem da Liga entrou em ação e, em uma falta bastante questionável, excluiu Luka Doncic pela primeira vez na carreira. A sexta falta foi revista, mas mantida pelos juízes, revoltando a torcida local quatro minutos antes do fim. Naquela instante o clima era de revolta em Dallas e de certo alívio entre a expressiva torcida dos Celtics na NBA House.
Irving até tentou e quase reviveu os tempos de Cavs e de parceria com LeBron James em uma bola de três que seria histórica e cinematográfica, mas o aro e a cada vez mais serena e experiente equipe de Boston não permitiram o final épico para os Mavericks. 106 a 98 e 3 a 0 na série. Desilusão no Texas, muita festa em São Paulo.
Tatum e Brown somaram 61 pontos. O camisa 0 anotou 31 pontos, seis rebotes e cinco assistências. Já o camisa 7 fechou com 30 pontos, oito rebotes e oito assistências.
Do lado dos Mavericks, destaque para a boa exibição de Kyrie Irving, que terminou o jogo com 35 pontos. Luka Doncic conquistou bons números também, marcou 27 pontos, seis rebotes e seis assistências.
Outro ponto alto na noite foi o aproveitamentos dos times: 46,3% a 44,2% para Boston. Destaque ainda para a grande e decisiva diferença em assistências para os visitantes: 26 a 15, o que deixa ainda mais evidente o poder coletivo dos comandados do técnico Joe Mazzulla – um quinteto sem coadjuvantes.
0-154
A missão de Luka e Kyrie agora é quase impossível. Das 154 séries que tivemos até então, apenas quatro equipes [3%] conseguiram reverter um 3 a 0 e forçar um sétimo jogo, mas mesmo assim acabaram perdendo o duelo decisivo.
Ou seja: o milagre jamais foi visto.
A última vez que tal fato chegou perto de acontecer foi na temporada 2022-23, quando o Miami Heat de Jimmy “Jordan” Butler abriu a vantagem sobre o Boston Celtics, mas cedeu um 3 a 3. No Jogo 7, a franquia da Flórida levou a melhor e avançou para a grande final da NBA.
O quarto, e talvez decisivo, jogo das Finais acontece nesta sexta-feira (14), às 21h30.
E se a dupla de Dallas é considerada por muitos uma espécie de Batman e Robin da NBA, resta ao camisa 11 a ingrata tarefa de fazer os Mavs entrarem com dois Batmans em quadra na próxima sexta. É o único jeito e o maior desejo da tímida torcida em SP do agora azarão das finais, Dallas Mavericks.
A gente se vê no jogo 4.