Notícias
por que um transplante pode causar a falência de outro órgão do corpo? Médicos explicam
Fausto Silva, o Faustão, foi hospitalizado no domingo (25) no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a problemas renais, segundo informou boletim médico divulgado nesta terça-feira (27). O apresentador foi submetido a um novo transplante, dessa vez de rim, nesta segunda-feira (26) no mesmo local em que, seis meses antes, recebeu um novo coração após um quadro grave de insuficiência cardíaca.
- Paralisia de Bell: entenda doença que deixou parte do rosto da jornalista Fernanda Gentil sem movimentos
- Como ser adulto nos relacionamentos? As 5 lições do terapeuta americano best-seller para um amor duradouro
Segundo o boletim médico, Faustão “deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein para preparação para um transplante de rim, em função do agravamento de uma doença renal crônica. (…) A cirurgia aconteceu, sem intercorrências, na manhã de ontem (26)”.
Um transplante pode afetar outro órgão?
O documento, no entanto, não especificou se o problema no rim foi ligado ao procedimento cardíaco a que ele foi submetido no final de agosto. Existe, porém, uma relação entre o transplante de órgãos que não sejam o rim e problemas renais após o procedimento. É o que aponta uma série de evidências, como um artigo de revisão publicado em 2021 no American Journal of Kidney Diseases pelo diretor-executivo do Programa de Transplante do Hospital Adventista Centura Porter, nos Estados Unidos, Alexander Wiseman.
Na análise, ele escreve que o quadro de doença renal crônica é considerado “uma apresentação clínica comum, afetando de 10% a 20% dos receptores de transplante de fígado, coração e pulmão e representando aproximadamente 5% da lista de espera para transplante de rim”, como foi o caso de Faustão.
No Estado de São Paulo, para se ter uma ideia, dos 2 mil transplantes renais ocorridos em 2023 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 34 foram de uma pessoa já transplantada de outro órgão que precisou receber um rim tempos depois.
Como funciona a fila de espera por transplante?
Essa situação faz o paciente se tornar prioridade ao ser colocado novamente na fila de espera pela cirurgia, explica o nefrologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) José Osmar Medina Pestana, diretor do Hospital do Rim, também no estado paulista.
Especialistas ouvidos pelo GLOBO explicam que o principal fator por trás dessa relação entre um novo órgão e uma possível disfunção renal é o uso de medicamentos imunossupressores para atenuar a atividade do sistema imunológico e, com isso, inibir a rejeição do organismo ao transplante. Isso porque, embora indispensáveis, os fármacos são considerados nefrotóxicos, ou seja, têm potencial de causar lesão nos rins.