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Quem é Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro e acusado movimentar dinheiro incompatível com patrimônio | Política
O tenente-coronel Mauro Cid voltou ao centro do debate político após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificaR movimentações de R$ 3,2 milhões na sua conta. Os valores seriam atípicos e incompatíveis com o patrimônio do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), segundo o Conselho.
De acordo com as informações divulgadas, essas movimentações teriam sido feitas entre 26 de julho de 2022 e 25 de janeiro de 2023. Como militar da ativa, Mauro Cid recebe salário de R$ 26.239.
Cid está preso desde 03 de maio, sob a suspeita de que ele teria inserido dados falsos relativos à vacinação contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Isso teria possibilitado a falsificação do seu cartão de vacinação, de seus familiares e de Bolsonaro.
Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega de Bolsonaro no curso de formação de oficiais do Exército. No governo passado, ele deixou de ser major para se tornar tenente-coronel e começou a atuar como ajudante de ordens do ex-presidente.
Assim, ele era responsável por executar as ordens do ex-presidente, cuidar de seus papéis, discursos e demandas pessoais, além de o acompanhar no Planalto, em viagens e até nos debates presidenciais de 2022.
Cid foi preso em maio na operação Venire, um desdobramento do inquérito das milícias digitais que tramita no Superior Tribunal Federal (STF). Ele teria determinado que um sargento da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Luís Marcos dos Reis, incluísse dados forjados de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde.
Segundo as investigações, a fraude teria acontecido em duas etapas. Na primeira tentativa, o grupo inseriu no sistema lotes que tinham ido para outras cidades, e não para Brasília, o que obrigou o grupo a refazer a fraude. Mas na segunda tentativa, os envolvidos teriam deixado rastros que facilitaram a apuração dos supostos crimes.
Além dos indícios no próprio sistema do Ministério da Saúde, a investigação obteve, com a quebra de sigilo autorizada pela Justiça, a troca de mensagens entre os envolvidos que confirmou o golpe.
A fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro teria ocorrido no fim do ano passado, para a viagem aos EUA. Após a operação, Bolsonaro voltou a reafirmar que não tomou a vacina contra covid-19. No entanto, de acordo com a PF, existem dois registros de aplicação da vacina da Pfizer em nome do ex-presidente datadas de agosto e outubro de 2022.
As informações foram inseridas no sistema em 21 de dezembro do ano passado, pelo secretário de Governo do município de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha. A Polícia Federal (PF) afirma, porém, que seis dias depois, os dados foram excluídos pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva, por “erro”.
Ainda de acordo com a PF, Cid também teria pedido a ajuda do sargento Luís Marcos dos Reis para conseguir um certificado de vacinação falso para a própria esposa, Gabriela Santiago Ribeiro Cid.
Desvios no cartão corporativo
Cid também seria investigado pela PF por administrar um “caixa paralelo”, em que ele fazia pagamentos de contas do clão Bolsonaro em dinheiro vivo, com recursos dos cartões corporativos, segundoreportagem de janeiro do portal “Metrópoles”. O ex-presidente nega as informações.
Entre as contas supostamente pagas por Cid, estão faturas de um cartão de crédito adicional emitido no nome de Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA). O cartão teria sido usado para custear despesas da amiga e da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro.
O ex-ajudante de ordens também esteve envolvimento no caso das joias da Arábia Saudita. De acordo com o “Estadão”, Cid foi o primeiro a ser escalado para “resgatar” diamantes de R$ 165 milhões, que estavam apreendidos pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos.
Cid teria pedido, com “urgência”, um avião da FAB e hospedagem para o sargento Jairo Moreira da Silva em São Paulo, três dias antes do fim do mandato de Bolsonaro, para buscar as joias presenteadas pelo regime saudita.