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Reação da classe política no Brasil à desistência de Biden espelha polarização nos EUA e no mundo | Brasil
Ministros e políticos brasileiros reagiram neste domingo ao anúncio feito pelo presidente americano Joe Biden de que não concorrerá ao segundo mandato e à indicação de sua vice Kamala Harris — que ainda precisa ser confirmada em convenção partidária — para a disputa.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse em sua conta no X (antigo Twitter) que o presidente dos Estados Unidos “dá demonstração enorme de grandeza política ao compreender que os democratas precisam de um fato novo para enfrentar o conservadorismo extremista que ameaça o mundo” ao anunciar a desistência de sua candidatura à reeleição.
“Que os Democratas tenham o mesmo altruísmo e sabedoria na escolha para confrontar o extremismo”, desejou a ministra na rede social. “Política não é personalismo, mas, sim, serviço a favor das ideias e valores”, diz sua postagem.
Ao comentar sobre a desistência de Joe Biden, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, lembrou que a democrata Kamala Harris pode derrotar a “extrema direita”, e tornar-se a primeira mulher negra na Presidência dos EUA.
“Derrotar Trump é derrotar o extremismo que ameaça a vida das pessoas, e um passo essencial para combater o avanço da extrema direita a nível mundial”, escreveu. “Kamala Harris pode ser a candidata a desempenhar esse importante papel, além de se tornar a primeira mulher presidente dos EUA”, complementou.
A possível substituição de Biden por Harris também foi ressaltada pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em sua conta na rede social X (antigo Twitter). Para Anielle, a possibilidade de uma mulher negra tornar-se presidente dos EUA, “poderia inspirar e impulsionar o Brasil a seguir um caminho semelhante, promovendo ainda mais igualdade racial e de gênero em nossa política”.
“Sabemos que eleições nos EUA sempre têm um impacto global, refletindo diretamente no Brasil e em outros países”, escreveu a ministra sobre a desistência da candidatura à reeleição de Joe Biden. “A decisão do presidente Biden de não se candidatar à reeleição é um marco significativo na política americana, especialmente neste momento histórico de confrontar o extremismo”, complementou Anielle.
O ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União (AGU), afirmou que, com a desistência à candidatura à reeleição anunciada neste domingo, Joe Biden “demonstra uma notável sabedoria, grandeza e coragem”.
“O governo liderado pelo Presidente Joe Biden tem se destacado por suas iniciativas em promover o crescimento econômico, ampliar os direitos dos trabalhadores, promover a igualdade de gênero e implementar uma sólida agenda de transição ecológica”, afirmou Messias em sua conta na plataforma X (antigo Twitter).
Ele também afirmou que Biden “nomeou diversos juízes afro-americanos, demonstrando seu compromisso com a diversidade e a inclusão. Ele também tem mostrado um firme compromisso em respeitar os resultados eleitorais na América Latina”.
Para o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, que tem a atribuição de promover a imagem do Brasil e o turismo brasileiro no exterior, a decisão de Joe Biden “carrega um importante simbolismo: nenhum projeto pessoal pode estar acima da construção de uma maioria eleitoral que preserve a democracia.”
Segundo Freixo, “foi assim no Brasil e na França, será assim nos EUA. Aqui, o campo democrático precisa manter-se unido, não podemos vacilar”.
Também no X, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), disse que a desistência de Joe Biden é “um gesto de grandeza em defesa da democracia e dos direitos humanos […] abalada, desde a invasão do Capitólio, com 5 mortos e 14 policiais feridos”. Segundo Guimarães, “o gesto do presidente Joe Biden entrará para a história dos Estados Unidos”.
Único político da família Bolsonaro a se manifestar até agora, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ironizou em sua conta no X (antigo Twitter) a desistência de Joe Biden. “Biden EUA está fora! Quando o Biden brasileiro vai sair?!”, questionou em referência ao presidente Lula.
A família Bolsonaro tenta fazer um discurso no Brasil semelhante ao da oposição nos EUA, no sentido de que Lula, já com 78 anos, não teria idade para seguir no comando do Executivo e muito menos disputar a reeleição no Brasil em 2026. Biden tem 81 e Trump, a mesma idade atual do brasileiro.
Durante os dois primeiros anos na Presidência, Jair Bolsonaro — hoje com 69 anos —, aproximou-se do republicano Donald Trump, com quem mantém laços até hoje, em linha com outras lideranças globais de extrema-direita, como o presidente da Argentina, Javier Milei.